Esta aconteceu-me há umas semaninhas, mas ainda não a tinha partilhado convosco...
À falta de molho de bechamel e natas para se fazer uma lasagna num jantar caseiro, desloquei-me a um conhecido supermercado para comprar esses ingredientes. Aproveitei também para trazer mais algumas coisas que agora não me recordo.
Tudo corria dentro do normal... até chegar à caixa! Depois de ter registado todos os produtos, o operador pergunta-me se desejo um saco, ao qual respondo que sim. Simpaticamente, o funcionário colocou-me as coisas no saco. Obviamente, agradeci e foi precisamente esse agradecimento que despoletou a caricata situação...
Depois de lhe ter dito "obrigado", o empregado sai-se com um "obrigado, boa noite". Seria o mais comum se o atendimento estivesse finalizado, mas... faltava-me pagar!!!
O rapaz teve ali um grande curto-circuito mental! Pelo facto de eu ter dito "obrigado", algo que normalmente se diz no final do atendimento, ele passou directamente à última fase do processo, passando por cima do essencial da função que exerce: receber o money, money!!!
Fiquei estupefacto e aguardei uns segundos para ver se tinha percebido mesmo bem... Tinha mesmo! O tapete começou a andar, as coisas do cliente seguinte aproximaram-se do operador e ele ia registar imediatamente um produto.
Podia ter sido um grande sacana e ter saído com as compras a custo zero, mas isso nunca me passou pela cabeça. Sempre aprendi que não devemos fazer aos outros o que não gostamos que nos façam a nós. Isto para além de os meus pais, desde pequenino, sempre me terem ensinado a não querer para mim o que não me pertence. Como tal, alertei o funcionário para o sucedido.
"Olhe, desculpe, eu ainda não paguei", disse-lhe eu. "Não pagou?!?, perguntou ele com estupefacção. "Agradeci-lhe por me ter colocado as coisas no saco e o senhor deu-me o saco com as compras e disse-me 'boa noite', como se eu já tivesse pago...", respondi eu. De forma humilde, o rapaz disse que, perante a situação, quem tinha que dizer obrigado era ele.
No entanto, apercebi-me facilmente do seu embaraço para comigo, ainda para mais na presença de outro cliente, e tentei minimizá-lo, dizendo que é normal que o adiantado da hora já gerasse algum cansaço.
A verdade é que foi, de facto, um erro crasso. Felizmente, para ele, deu comigo e não teve que pagar pela falha. Sei que muita gente teria a mesma atitude que eu, mas, pelo que vejo, estou em crer que mais gente ainda estar-se-ia nas tintas e deixaria o supermercado super-feliz por 'não ter aberto os cordões à bolsa'.
Podem até chamar-me otário, mas orgulho-me de ser como sou. Muito!
Abraço/beijinhos